Ponto de ônibus.
Minutos de atraso somados ao tédio, trazem lembranças. Meu corpo continua imóvel, mas meus pensamentos transitam do presente para o passado.
...
Volto a estar em frente aquela árvore, o tempo passa de rápido e fugaz a lento e demorado; assim como as batidas do meu coração, que se acalmavam com a lentidez da minha respiração.
Segundos, minutos e horas se passavam. Nada acontecia.
Ouvi um ruído. Alguem? Não.
Era apenas as folhas da árvore se balançando com a ventania.
Parei para reparar um pouco em mim mesma e na história que já tinha, até então.
De repente, todas as cenas tristes que já havia vivido se passavam pela minha cabeça, era como uma retrospectiva de tudo de mal que aconteceu comigo um dia.
Via feridas na minha alma, feridas demasiadamente grandes, a ponto de ultrapassar meu corpo. Estavam como carne viva a mostra, encostando no ar, uma imagem feia e repugnante.
Agora todos podiam ver minhas mágoas. Todos podiam rir do meu choro. Pela primeira vez, estive cara-a-cara com meus sentimentos, puros e notáveis.
...
Meus pensamentos foram interrompidos pelo som de uma buzina. O ônibus havia chegado. E tudo volta a ser como sempre foi.
Frio, obscuro e sem vida.
6 de maio de 2009
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